Você se considera uma pessoa perfeccionista? Você se cobra muito para fazer tudo certo, sem erros ou falhas? Você se frustra quando as coisas não saem como você planejou ou esperava?
Se você respondeu sim a essas perguntas, saiba que você não está sozinho. Muitas pessoas sofrem com o perfeccionismo, que é uma tendência a exigir de si mesmo e dos outros um padrão de excelência irrealista e inatingível.
O perfeccionismo pode parecer uma qualidade positiva, que demonstra dedicação, comprometimento e rigor. No entanto, na verdade, ele é um obstáculo para a produtividade e a criatividade, pois gera ansiedade, estresse, insatisfação, procrastinação, baixa autoestima e até mesmo depressão.
Neste artigo, vamos entender melhor o que é o perfeccionismo, quais são os seus tipos, como ele afeta a nossa capacidade de realizar e criar, quais são os problemas que ele causa e como podemos superá-lo. Acompanhe!
O que é perfeccionismo?
O perfeccionismo é um conjunto de crenças, atitudes e comportamentos que envolvem a busca incessante por um ideal de perfeição, que na verdade não existe.
O perfeccionista acredita que só será feliz, bem-sucedido e aceito se fizer tudo de forma impecável, sem nenhum erro ou defeito. Ele também espera que os outros sejam perfeitos e se irrita quando eles não atendem às suas expectativas.
O perfeccionismo não é o mesmo que ter altos padrões de qualidade ou buscar a melhoria contínua. Essas são atitudes saudáveis e positivas, que nos motivam a fazer o nosso melhor e a nos desenvolvermos.
O perfeccionismo, por outro lado, é uma armadilha que nos impede de reconhecer e valorizar os nossos esforços, resultados e qualidades, e que nos faz focar apenas nas nossas falhas, limitações e defeitos.
Quais são os tipos de perfeccionismo?
De acordo com os psicólogos Paul Hewitt e Gordon Flett, existem três tipos de perfeccionismo, que se diferenciam pelo alvo das exigências perfeccionistas. São eles:
- Perfeccionismo auto-orientado: é quando a pessoa se impõe padrões elevados e inflexíveis de desempenho e se avalia de forma severa e crítica. Ela se sente culpada e envergonhada quando não alcança a perfeição e se pune com autocríticas, isolamento e autoflagelação.
- Perfeccionismo socialmente prescrito: é quando a pessoa acredita que os outros esperam que ela seja perfeita e que a sua aceitação e valor dependem do seu desempenho. Ela se sente pressionada e ansiosa para atender às demandas externas e se frustra e decepciona quando não consegue satisfazer as expectativas alheias.
- Perfeccionismo orientado para os outros: é quando a pessoa exige que os outros sejam perfeitos e os julga de forma rígida e implacável. Ela se irrita e se impacienta com as falhas e os erros dos outros e tem dificuldade de se relacionar e de trabalhar em equipe.
Os três tipos de perfeccionismo podem ocorrer isoladamente ou em combinação, e podem variar de intensidade e de frequência. Independentemente do tipo, o perfeccionismo é prejudicial para a saúde mental e emocional, e interfere negativamente na produtividade e na criatividade.
Como o perfeccionismo afeta a produtividade e a criatividade?
O perfeccionismo afeta a produtividade e a criatividade de várias formas, como:
- Reduz a eficiência e a eficácia: o perfeccionista perde muito tempo e energia tentando fazer tudo de forma impecável, sem nenhum erro ou defeito. Ele se preocupa excessivamente com os detalhes, revisa e refaz o trabalho várias vezes, e tem dificuldade de delegar ou de pedir ajuda. Ele também se distrai facilmente com as críticas e as comparações, e se desmotiva com as dificuldades e os obstáculos. Tudo isso diminui a sua capacidade de realizar as tarefas de forma rápida e satisfatória, comprometendo a sua produtividade.
- Aumenta a procrastinação: o perfeccionista tem medo de falhar, de ser rejeitado ou de não corresponder às expectativas. Por isso, ele evita começar ou terminar as tarefas que considera desafiadoras, complexas ou importantes. Ele adia ou desiste dos seus projetos, sonhos e metas, pois acredita que não está preparado ou que não é capaz de realizá-los. Ele também se priva de experiências novas e enriquecedoras, pois teme não se sair bem ou não se adaptar. Tudo isso aumenta a sua tendência a procrastinar, ou seja, a deixar para depois o que deveria fazer agora.
- Diminui a inovação e a originalidade: o perfeccionista tem dificuldade de pensar fora da caixa, de experimentar novas ideias, de arriscar novas soluções. Ele segue regras e padrões rígidos, que limitam a sua liberdade e a sua expressão. Ele também tem receio de se expor, de compartilhar as suas opiniões, de mostrar as suas criações. Ele se reprime e se censura, pois teme ser julgado, criticado ou ridicularizado. Tudo isso diminui a sua capacidade de inovar e de ser original, comprometendo a sua criatividade.
Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?
O perfeccionismo causa diversos problemas para a saúde física, mental e emocional, como:
Ansiedade
O perfeccionista vive em constante estado de tensão, preocupação e nervosismo. Ele tem medo de errar, de fracassar, de decepcionar.
Ele se sente inseguro, inadequado e inferior. Ele tem dificuldade de relaxar, de se divertir, de aproveitar a vida. Tudo isso gera ansiedade, que pode se manifestar em sintomas como taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, insônia.
Estresse
O perfeccionista se sobrecarrega com excesso de trabalho, de responsabilidades e de cobranças. Ele se esforça demais para atingir um padrão impossível de perfeição.
Ele se frustra e se irrita com as situações que fogem do seu controle ou que não saem como ele quer. Ele se isola e se afasta das pessoas que poderiam apoiá-lo e ajudá-lo. Tudo isso gera estresse, que pode se manifestar em sintomas como dores de cabeça, dores musculares, fadiga, alterações de humor, etc.
Depressão
O perfeccionista se deprime com a sua incapacidade de ser perfeito. Ele se culpa e se condena pelos seus erros e defeitos. Ele se sente triste, vazio e desesperançoso. Ele perde o interesse e o prazer pelas coisas que antes gostava de fazer.
Ele se desvaloriza e se desrespeita. Tudo isso gera depressão, que pode se manifestar em sintomas como tristeza diária, baixa autoestima, anedonia e pensamentos negativos.
Como deixar de ser perfeccionista?
Deixar de ser perfeccionista não é fácil, mas é possível. É preciso reconhecer e modificar as crenças, as atitudes e os comportamentos que alimentam o perfeccionismo, e substituí-los por outros mais saudáveis e positivos. É fundamental a ajuda de um psicoterapeuta para mudança dessas crenças e comportamentos, somente assim conseguiremos colocar em prática algumas dicas:
- Aceite a sua imperfeição: ninguém é perfeito, nem você, nem os outros. Todos nós temos qualidades e defeitos, acertos e erros, virtudes e vícios. Aceitar a sua imperfeição é reconhecer e valorizar as suas características únicas, que fazem de você uma pessoa especial e singular. É também respeitar e compreender as diferenças e as limitações dos outros, que fazem deles pessoas igualmente especiais e singulares.
- Celebre as suas conquistas: Foque não somente nos seus problemas, mas também nas suas realizações e nos seus progressos. Reconheça e valorize os seus esforços, resultados e qualidades, e comemore as suas vitórias, por menores que sejam. Agradeça e elogie os outros pelas suas contribuições e pelos seus méritos.
- Aprenda com os seus erros: use-os como oportunidades de aprendizado e de crescimento. Entenda o que deu errado, o que você pode fazer diferente, o que você pode melhorar. Peça feedback, ajuda e orientação, e se abra para receber críticas construtivas e sugestões. Perdoe-se e perdoe os outros pelos seus erros, e siga em frente.
- Estabeleça metas realistas: defina metas que sejam desafiadoras, mas possíveis e compatíveis com a sua realidade. Divida as suas metas em etapas menores e mais fáceis de serem cumpridas, e estabeleça prazos e prioridades. Acompanhe e avalie o seu desempenho, e faça os ajustes necessários. Comemore cada passo dado em direção às suas metas, e não desista diante dos obstáculos.
- Seja flexível e adaptável: aceite que nem tudo está sob o seu controle ou depende da sua vontade. Saiba lidar com as situações adversas e com as incertezas, e busque soluções criativas e alternativas. Seja tolerante e compreensivo com as diferenças e as divergências, e saiba negociar e ceder.
Quais são os benefícios de ser mais flexível?
Ser mais flexível é o oposto de ser perfeccionista. É aceitar a si mesmo e aos outros como são, com suas imperfeições e suas singularidades.
É buscar fazer o seu melhor, mas sem se cobrar ou se exigir demais. É reconhecer e valorizar os seus pontos fortes, mas sem ignorar ou negar os seus pontos fracos.
É se permitir errar, aprender, melhorar e evoluir. Ser mais flexível traz diversos benefícios, como aumentar sua produtividade, reduzir a indecisão e procrastinação.
Conclusão
O perfeccionismo é um obstáculo para a produtividade e a criatividade, pois gera ansiedade, estresse, insatisfação, procrastinação, baixa autoestima e até mesmo depressão.
Para superar o perfeccionismo, é preciso reconhecer e modificar as crenças, as atitudes e os comportamentos que o alimentam, e substituí-los por outros mais saudáveis e positivos. A ajuda profissional é fundamental para o sucesso nessas mudanças.